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domingo, 19 de junho de 2011

LATINO DIZ ESTAR PRONTO PARA VIVER UM NOVO AMOR, DEPOIS DE MIRELLA SANTOS: ‘ESTOU BUSCANDO UM OUTRO CONCEITO DE MULHER’

Por Naiara Andrade
Jornal Extra
Perfumado, topete bem desenhado, brincos de diamante nas duas orelhas, piercings nos dentes. A camisa entreaberta revela o peito depilado, mas a barba por fazer incomoda na hora das fotos: "Não podemos deixar para amanhã? Estou me sentindo feio, desleixado...".
Vaidoso, Latino está sempre se reinventando, dando a volta por cima. Pessoal ou profissionalmente. Agora, ao mesmo tempo em que celebra a maioridade na carreira — e lá se vão 18 anos de "Me leva" —, o cantor lança o disco "Junto & misturado 2 — Festa universitária ao vivo", em que convoca os novos sertanejos para uma farra musical. De quebra, sacode a poeira do término do longo namoro com Mirella Santos. E vislumbra a possibilidade de oficializar neste Dia dos Namorados uma nova história de amor: "Fico fragilizado quando estou sozinho", admite ele, um aficionado pelo número 12: "Tudo na minha vida começa ou termina no 12, é impressionante!". Então, este domingo pode ser um grande dia, Latino!

Foto: Marcelo Theobald/ Extra

São 18 anos de carreira. Quando tudo começou?
Foi em 12 de novembro de 1993. Lancei o primeiro single, "Me leva", num CD chamado "Funk melody", com vários artistas. Em 12 de setembro do ano seguinte, a Sony me contratou.
O número 12 parece marcante para você...
Tudo na minha vida começa ou termina dia 12, é impressionante! Lancei "Festa no apê" num dia 12. Ganhei meu primeiro disco de ouro na Xuxa, num dia 12. Fiz um bingo acumulado no Arpoador com o número 12 e levei R$ 160 mil. É um número que me dá sorte. Hoje, virou mania, quase TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Fico somando placas nas ruas, chego nos lugares e conto as cadeiras, para ver se tem 12... O comercial do meu novo disco vai ao ar na Globo no próximo dia 16, mas eu falo que é dia 15, só para que a soma do dia com o mês dê 12 (1+ 5 + 6). Não costumo expor isso para as pessoas não me acharem mais louco do que já sou.
Como se sente ao atingir a maioridade profissional?
Acho que acertei mais do que errei. Passei a pensar grande, me idealizar como showman. Tento fazer sempre coisas ousadas e irreverentes para o meu público, buscar temas que mexem com o cotidiano do povo nas composições. Posso me dizer um artista amadurecido. Hoje, tenho 12 músicos no palco (ele ri). Se não tiver 12, não tem graça...
Você começou com o funk melody, caiu no pop e agora mistura ritmos e gêneros. Não acha que assim perde a identidade?
Quero ser funkeiro, roqueiro, pagodeiro, sertanejo... Eu sou a essência da música popular brasileira, sou uma mistura de tudo o que é bom. Podem criticar! No início, me chamavam de brega, e nessa breguice toda eu vendi 6 milhões de discos. Não suportaria estar fazendo a mesma coisa até hoje no palco. Gosto de revolucionar, chamar a atenção com minhas loucuras.

Foto: Marcelo Theobald/ Extra

Você transita com destreza pela alta sociedade e em meio ao povão. Qual é o segredo?
Não foi fácil penetrar no high society, só aconteceu há uns cinco anos. Às vezes, fico numa roda de fogo tremenda. Esta semana, fui convidado para fazer o casamento da neta do Sarney e não tinha data disponível. É difícil administrar egos nesse meio, queria poder agradar a todo mundo. Adoro fazer shows para a alta sociedade, mas sou muito mais feliz quando canto para as classes C, D e E. O povão me sustenta há muitos anos. É minha essência, minha raiz.
Há diferenças entre o show para os "ricos" e o para os "pobres"?
Para a elite, são só seis músicas minhas no repertório, o resto é tudo entretenimento. A galera sobe no palco, faço brincadeira, conto piada. Para o povão, é mais Latino na veia. Não podem faltar todos os meus hits.
Qual o lugar mais luxuoso em que você já se apresentou?
A convenção do João Dória Jr., em Comandatuba (BA). Fiquei impressionado com tantos governadores, ministros, presidentes de empresas me assistindo.
Já cometeu alguma gafe?
Num Bar Mitzvá (celebração quando um garoto judeu completa 13 anos), cantei "Xô, Satanás!" (risos). Ficou todo mundo me olhando, paralisado. E, para piorar, brinquei com uma música gospel, "Entra na minha casa"... Surreal! Tive que pedir desculpas depois.
Quando você é chique?
Saí da favela, mas a favela não saiu de mim. Como rabada, dobradinha, feijoada com farinha, angu à baiana...
Mas o que o dinheiro te permitiu?
Dinheiro só me trouxe mais problemas. Quando eu era pobre, não tinha tantos. As pessoas não me invejavam tanto, a família não pedia tanto, era tudo mais simples.

Foto: Marcelo Theobald/ Extra

Já esbanjou e se arrependeu?
Já desperdicei bastante, errei muito, me deslumbrei. Há uns 15 anos, comprei uma limusine branca, que era do senador Suassuna. Paguei uma fortuna, algo como R$ 1 milhão. Tinha tudo, de banheira de hidromassagem a um megabar. Comprei só para dizer "Eu tenho!". E ficava tirando onda por aí. Coisa de garoto...
Latino está rico? Daria para parar de trabalhar agora, se quisesse?
Rico, não. Eu vivo bem. Tenho uma família grande e ajudo muita gente. E gasto mesmo! Não vou levar nada comigo se eu morrer... Faço coisas malucas, tipo viajar para a Inglaterra para esquecer dos problemas.
Já tem a perspicácia para perceber quando se aproximam de você por interesse?
Não paro para pensar nisso, senão não vivo. Acho que todo mundo tem um pouco de interesse em alguma coisa. Uns mais, outros menos. Tudo na vida tem o lado bom, é só você querer enxergar. Tenho essa visão otimista. Pensamento positivo não deixa a gente sair derrotado nunca.
Você se acha alvo de preconceitos ainda hoje?
Só lamento por quem me olha de banda. É gente sem luz. Me sinto um cara tão iluminado por ter nascido no mesmo planeta, no mesmo ciclo de vida que vocês... Vim ao mundo para levar alegria e ser feliz. Talvez por eu ser muito ousado, as pessoas ainda se choquem. Por outro lado, é isso que chama a atenção, que dá um "tchan" ao Latino.
Sua autoestima parece sempre elevada. Aos 38 anos, já bateu o medo de o cabelo cair e a barriga crescer?
Eu me cuido bastante. Malho todos os dias; de vez em quando, faço um botox no rosto para dar um levante; quando pintam uns cabelinhos brancos, peço ao meu cabeleireiro para dar um jeito... Mas me sinto um garoto. Continuo dançando e pulando com a mesma vitalidade de sempre. Tenho a autoestima elevada, sim, mas sou um cara normal. Choro, tenho meus momentos de fraqueza. Como todo homem solteiro, fico fragilizado, sensível.
O que te faz chorar?
Não só assuntos amorosos, mas uma palavra mal colocada, um comentário maldoso. Tudo o que me entristece, eu entrego nas mãos de Deus. A lei do retorno funciona.
Você já fez terapia?
Já, e faço de vez em quando até hoje, para entender certas coisas da vida. O ser humano não pode viver num mundinho só dele, tem que ouvir umas verdades.
Latino vai passar o Dia dos Namorados sozinho?
Por que não viver uma nova história de amor? (O cantor foi flagrado no chamego com a Miss Minas Gerais 2009, Rayanne Morais, no último dia 28) É muito prazeroso quando duas pessoas entram numa mesma vibe. Solteiro, sim. Sozinho, nunca!

Foto: Marcelo Theobald/ Extra

Tem que ser loura para despertar seu interesse?
Não... As louras chamam a minha atenção, mas estou buscando um outro conceito de mulher. Minha ex era bacana, mas agora quero um outro estilo. Outro biotipo, outra profissão, não sei... Até então, quando eu saía de um relacionamento, acabava buscando uma mulher igualzinha, corpo e jeito. Quero mudar.
Você concorda com a máxima de que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher?
Plenamente! Meu último relacionamento foi ótimo, me fez amadurecer, mas tudo na vida tem início, meio e fim. O melhor é sempre o próximo. Quem dera eu pudesse ser amigo das minhas ex! Tenho vontade de resgatar essa amizade que tinha com todas elas, todas foram importantes no meu crescimento pessoal. Não posso desejar mal a quem me fez feliz por tanto tempo. Seria mesquinho demais!
Você já está curado do término com Mirella?
Já. Eu sempre sofro. Sou aquariano, intenso: trabalho muito, amo muito, choro muito. Sofri dois, três meses, mas agora já começo a olhar para o lado.
A música de trabalho desse novo CD, "Caranguejo", diz "Vai na paz e não volta jamais, quem vive de passado é museu"...
Calhou bem, né? (risos) Não que ela seja direcionada, mas casou com esse meu momento de reciclagem. Enquanto eu canto, espanto os males.
Outra faixa do disco, "Se vira", fala da amizade entre homem e mulher. Existe, sem segundas intenções?
Sou muito parceiro das minhas amigas. Meu maior conselho é: "Não existe príncipe encantado, para de se iludir!".

Foto: Marcelo Theobald/ Extra

Em "Ninguém é corno à toa", você canta "A vida de casado até que é boa/ Às vezes enjoa/ Eu tô saindo com outra pessoa/ Mas ninguém é corno à toa". Realmente pensa assim?
Isso aí é o cotidiano do brasileiro: chumbo trocado não dói. Mas eu não aceito. Não é que tenha que ser fiel até o fim, mas, se não quer mais, cai fora. Tem amigo meu que topa relacionamento aberto, eu não estou preparado psicologicamente para isso ainda. Sou muito ciumento!
E o que enjoa na vida de casado?
Quando a mulher deixa de usar uma roupinha mais sensual, deixa de se maquiar, não quer mais curtir um motel ou fazer aquela sacanagem dentro do carro... Quando ela deixa de fazer tudo isso, meu amor, dá linha porque já foi.
Tem rolado muito assédio?
Nunca imaginei, na minha vida, que fosse ser cobiçado por tantas mulheres poderosas, ricas, autoridades mesmo. Fico até assustado, encabulado quando recebo um convite para jantar.
Mulheres poderosas intimidam?
Não tenho medo de mulher, né? Sou um cara nascido e criado na favela, já vi de tudo. Mas quando não sou eu quem toma a iniciativa, assusta. Mas é gostoso.
Já conheceu mulheres que gostassem mais de sexo do que você?
Olha, eu gosto muito de sexo! Quero todo dia! Mas já encontrei mulher mais tarada, sim... Eu curti! Mulher tem mais é que tomar iniciativa mesmo. Quando deixa de ser fêmea, o homem começa a olhar para a vizinha.
Existe ocasião em que você chega em casa e só quer dormir abraçadinho, sem sexo?
É raro, mas acontece. Atualmente, tenho feito muito isso. O cansaço me derruba, eu não tenho mais 18 anos, né?
Já falhou por causa do cansaço?
Já, algumas vezes. E espero continuar falhando, porque o dia em que eu deixar de falhar, deixo de ser humano.

Latino e a filha, Dayanna, que acaba de completar 15 anos
Latino e a filha, Dayanna, que acaba de completar 15 anos Foto: Reprodução/ Twitter

Te incomodam os comentários a respeito da sua sexualidade?
Estou no mercado gay há 20 anos. Em frente ao meu palco, é um monte de cara com a minha "G Magazine" aberta. Nunca tive problemas com isso, sou um cara muito bem-resolvido. Não tenho que ficar me explicando. Por ser muito homem, as pessoas gostam de botar uma pimentinha. Não me incomodo, não. Podem achar o que quiserem de mim.
E se você se apaixonasse por um homem?
Não suporto cheiro de homem, não tem chance. Quando faço festa lá em casa, são sempre dez mulheres e dois homens. Gosto de estar rodeado de mulher, seja na amizade, seja na pegação. Nada contra o público GLS, ao contrário! Até já fui príncipe de um garoto numa festa de debutante. Dancei com o cara, e daí? Fui pago para isso. Não tenho preconceito.
Você tem uma filha que acaba de fazer 15 anos. Como é o Latino pai?
Dayanna é um presente. Além de inteligente, ela é muito madura. Com 15 anos, tem 1,74m, quer ser modelo. Linda... É uma companheirona, me dá puxão de orelha direto. Quando conheço alguém, armo logo um jantar para ela estar junto e me dar a opinião. Minha filha acha que eu sou muito dado, mas o tempo todo ela se orgulha do pai. Diz que está em oração para eu encontrar uma mulher decente. Tenho muito ciúme dela! Não estou preparado para vê-la com namorado.
Tem alguma coisa que te deixe sem graça?
Fico encabulado quando chega uma fã no camarim e tira a calcinha para eu autografar, na frente de todo mundo. Por mais que eu ache o máximo, penso: "Que louca!

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