Capitão Renato Senna com o MC Leonardo na Quadra da Vila Rica.
Foto de Gabriel de Paiva / Agência O Globo
RIO - Papará papará papará clac bum! Os tiros da letra do "Rap das Armas"- o funk que ganhou o mundo ao abrir o filme "Tropa de Elite" e que teve até uma versão proibida - devem ser os únicos estampidos a ecoar neste sábado, a partir das 21h, na quadra da Escola de Samba Unidos de Villa Rica, na Ladeira dos Tabajaras. A favela será a primeira com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) a receber um baile funk autorizado. Organizado pela Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), o baile só foi permitido após reunião com moradores e o capitão da UPP do Tabajaras, Renato Senna.
- Ano passado, foi revogada a lei 5.625, que aumentava as restrições para a realização de bailes. Faltava tirá-la do papel. O funk movimenta R$ 12 milhões por mês no estado e emprega três mil pessoas - afirma o MC Leonardo, presidente da Apafunk e autor do "Rap das Armas".
Uma das atrações da noite, o MC participou da reunião com os moradores e o capitão da UPP, na qual mais de 90% dos presentes aprovaram a realização do baile.
- O baile na comunidade evita de nossos filhos irem a outras comunidades, onde há tráfico - diz o presidente da Associação de Moradores do Tabajaras, Reinaldo Reis.
Para o comandante da Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues, o funk pode ser uma ferramenta para aproximar a polícia dos jovens.
- Respeitamos a vontade da comunidade. Tem tudo para dar certo e desmistificar a ligação do funk com o tráfico, com as armas. E é uma linguagem que chega facilmente aos jovens e pode ser usada para aproximá-los da polícia - destaca.
A expectativa dos organizadores é de que mais de 500 pessoas participem do baile. E, como diz a letra original do "Rap das Armas", que "diga não à violência e deixe a paz reinar".
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